Não há verdade em teus olhos, eu sei
que tu destilas falsidade a cada instante
mas eu sorvo teu veneno alucinante, e declino
em teus braços finos
como um feto me alimento do teu ventre
me embriago com tua boca cor-de-vinho
tanto envergo meu olhar pra ti
que fico cego
pego teus cabelos em minhas mãos e tu vens
como um verme rastejando sobre mim
finda o gozo em minha língua
e tinge as unhas com meu sangue
carmim
Comodismo
Você se acomoda. Desde o início você se acomoda. Você se acomodou em meus braços, tão fácil, tão bem, e depois se acomodou na minha vida, tão natural. Você se acomodou mesmo incomodado com meu jeito de rir de coisas absurdas. Você se acomodou e eu pensei que fosse porque você me amava.
Mas então você se acomodou com suas dores no joelho e com suas unhas encravadas. Você se acostumou com a minha presença constante, mas se acomodou, quando estávamos distantes. Você se acomodou com nossas brigas e deixou de se importar com minhas lágrimas. Até que você se acostumou com meus defeitos e nem sequer brigava mais.
Você se acomodou com meus longos discursos, mesmo preferindo o silêncio. E se conformou em ter sempre os mesmos problemas sem solução. Você se acomodou com a tristeza, mas continua fingindo que eu te faço feliz.
Você se acomoda tanto com tudo que eu já não sei se o que te move é amor ou indiferença. No fundo, eu não quero saber. Por isso eu me acomodo. Porque eu não consigo me acomodar com sua ausência.
Você se acomoda tanto com tudo que eu já não sei se o que te move é amor ou indiferença. No fundo, eu não quero saber. Por isso eu me acomodo. Porque eu não consigo me acomodar com sua ausência.
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