2.14.2013

Vampira

Não há verdade em teus olhos, eu sei
que tu destilas falsidade a cada instante
mas eu sorvo teu veneno alucinante, e declino
em teus braços finos
como um feto me alimento do teu ventre
me embriago com tua boca cor-de-vinho
tanto envergo meu olhar pra ti
que fico cego
pego teus cabelos em minhas mãos e tu vens
como um verme rastejando sobre mim
finda  o gozo em minha língua
e tinge as unhas com meu sangue
carmim

2.10.2013

Comodismo


Você se acomoda. Desde o início você se acomoda.  Você se acomodou em meus braços, tão fácil, tão bem, e depois se acomodou na minha vida, tão natural. Você se acomodou mesmo incomodado com meu jeito de rir de coisas absurdas. Você se acomodou e eu pensei que fosse porque você me amava.

Mas então você se acomodou com suas dores no joelho e com suas unhas encravadas. Você se acostumou com a minha presença constante, mas se acomodou, quando estávamos distantes. Você se acomodou com nossas brigas e deixou de se importar com minhas lágrimas. Até que você se acostumou com meus defeitos e nem sequer brigava mais.

Você se acomodou com meus longos discursos, mesmo preferindo o silêncio. E se conformou em ter sempre os mesmos problemas sem solução. Você se acomodou com a tristeza, mas continua fingindo que eu te faço feliz.

Você se acomoda tanto com tudo que eu já não sei se o que te move é amor ou indiferença. No fundo, eu não quero saber. Por isso eu me acomodo. Porque eu não consigo me acomodar com sua ausência.